Você já se viu dizendo “não resisto a um docinho”, mesmo sem fome?
Ou percebe que, quando está sozinha, acaba recorrendo às mesmas comidas da infância — aquelas que trazem conforto, lembranças ou uma sensação de liberdade?
Esse comportamento não é só uma questão de gosto ou falta de força de vontade. Ele é, muitas vezes, a resposta emocional do seu corpo a uma história que ainda mora em você.
Quando o brigadeiro não é só um doce
Muitas pessoas que chegam até mim, principalmente adultos entre 30 e 50 anos, carregam o que chamamos de “paladar infantil”. Isso significa uma preferência por alimentos mais doces, ultraprocessados ou pouco variados. Mas, mais do que uma questão de sabor, essa escolha revela uma ligação emocional com o passado.
Já atendi pacientes que relatam que, quando crianças, passavam muitas horas sozinhas em casa, e a única companhia real eram os lanches industrializados, bolachas recheadas ou doces. Com o tempo, a comida virou símbolo de aconchego, afeto e distração da solidão.
Hoje, mesmo na vida adulta, essa memória continua ativa. E, quando essas pessoas se veem sozinhas ou emocionalmente fragilizadas, o comportamento se repete. Não por fraqueza, mas por associação emocional.
“Hoje eu como o que quiser, porque posso!”
Outro ponto comum é quando a alimentação da infância foi marcada por rigidez, controle ou restrições excessivas. A mãe proibia doces? O pai criticava o prato? Na vida adulta, surge o movimento oposto: “Agora eu posso comer tudo o que quiser.”
Mas essa liberdade, quando usada para calar dores, vira falsa autonomia — porque no fundo a pessoa continua presa a uma emoção antiga, agindo no piloto automático.
O que a TCC ensina sobre isso?
Na Terapia Cognitivo-Comportamental, entendemos que o comportamento alimentar compulsivo pode estar associado a gatilhos emocionais e pensamentos automáticos disfuncionais.
Exemplo real:
Situação: Sozinha em casa à noite
Pensamento: “Ninguém vai ver. Pelo menos esse doce me conforta.”
Comportamento: Comer em excesso o alimento que lembra a infância
A boa notícia é que isso pode mudar. Com consciência, treino e apoio, é possível construir uma nova relação com a comida — mais adulta, respeitosa e afetuosa consigo mesma.
Estratégias que funcionam
Se você se identifica com essa história, aqui vão três práticas terapêuticas que podem te ajudar:
1. Pausa da consciência
Antes de comer algo que você sabe que costuma vir por impulso, respire fundo e pergunte:
- “Estou com fome ou com saudade?”
- “Quero esse sabor ou estou buscando acolhimento?”
Essa pequena pausa traz presença para sua escolha.
2. Diário da nova liberdade
Anote momentos em que você comeu no automático. Mas sem culpa — apenas para observar os padrões.
Depois, registre também as vezes em que você escolheu diferente. Assim, você reforça o caminho novo.
3. Honre sua história, mas cuide de quem você é hoje
Você pode continuar gostando de doces. O ponto é escolher com consciência, e não para preencher buracos emocionais.
Se a criança interior buscava consolo, a adulta hoje pode dar isso de outra forma: com autocuidado, rotina e apoio emocional.
Conclusão: Liberdade verdadeira é saber dizer sim e não
Você não precisa proibir alimentos. Mas precisa entender o porquê da sua escolha. A comida pode continuar fazendo parte da sua vida com prazer — mas sem precisar ocupar o lugar do afeto, da presença ou da companhia que você merece.
Se você sente que está nesse ciclo, e quer construir uma relação mais saudável com a comida e com você mesma, eu posso te ajudar. Me chame para uma conversa. Através do Método AMA, avalio sua história, seus padrões e te conduzo passo a passo para que sua alimentação pare de ser um campo de culpa — e se torne um espaço de cuidado.
Um abraço carinhoso,
Claudia Cruz
Psicóloga & Neuropsicóloga | Terapia Cognitivo Comportamental